30.8.08

Dever de casa

Dever de casa é servir de moradia.

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Primeiras tentativas:

Sobrevivente

O ar é mais que alimento
do corpo mergulhado na peleja.
Sonho submerso,
sem pensamento.
O nadador apenas deseja
em líqüido universo.

Adiar a morte é ofício.
Estar vivo, artifício.
Na humana embarcação,
de hélices musculares, vão
os restos gasosos da nau viva.

Há que nunca estar à deriva.

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Anoitece (ou o haicai sem rodinhas)

Toda ausência é mais real
Quando o céu esfria

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Poétique pour débutants:

Não faças versos sobre o gato que morreu
Nem sobre o braço que adormeceu

(falo bobagem porque o blogue é meu)

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Aqui jazz a música clássica.
E também a minha carreira de poetinha.

sempre no improviso:
muito riso
pouco siso

(inspirada na dor alheia; e ela também ainda não é poesia)

"Tudo isso porque o Senhor cismou em não descansar no Sexto Dia e sim no Sétimo
E para não ficar com as vastas mãos abanando
Resolveu fazer o homem à sua imagem e semelhança
Possivelmente, isto é, muito provavelmente
Porque era sábado."

27.8.08

Sertão


Pietà

A criança morta.
O pai que suporta.

26.8.08

Coisas do João (e da Maria)

No MSN:


"sabe a diferenca entre hardware e software?"
Carol diz:
hardware é corpo
Carol diz:
software é espírito

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No sanatório:

— O que foi, João?
— Olha o vento nos cabelos das árvores...
— Árvore não tem cabelo, João.
— E tem pessoas que não têm poesia.

19.8.08

Culinária poética (ou poética gastronômica)

Escrever se limita com cozinhar

(eu, por exemplo
sempre queimo minha escrita,
ou boto sal de menos,
ou açúcar demais.)


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Na oficina de poesia:

Vai para o fogão, Maria,
catar feijão, que hoje é dia.

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"Carol Carolina", assinou a menina.

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Avant garde:


"eu voto em fazer um movimento com as mãos nas costas ou nos pés, chamado massagem
(...)
pode chamar de massagem rupestre ou pós-moderna ou art-nouveau"

(CORREIA, Cibele Ferreira. Tratado de estética epicurista pós-moderna. Em primeira mão, sem edição. Aracaju, 2008. )

8.8.08

Que nem chamar ônibus de cata-corno

A moça do laboratório só podia estar com aquela cara:
formol far mal.

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– Do you feel better?

– No, I feel bitter.

*Maria Schneider:

– I feel butter.

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Ainda na doidiça:

Fazer birra montado no burro não é recomendável, especialmente se você estiver na Itália.

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Aquela que faz todo mundo ficar com raiva de mim:

– Eita! Esqueci.
– O quê?
– Não lembro!

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Negócio da esquina (ou popular business talking):

– É, meu filho, negócio bom é comprar terra!
– Pois é, rapaz, a carrada tá custando só setenta reais...

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E no rótulo da garrafa d'água:

"Não contém glúten."

(Será? E gordura trans?)