2.11.10

Pró-crastinação

Tenho um defeito terrível, que minha mãe confunde com avareza.

Vivo adiando a alegria, como se pudesse acumular e torná-la mais intensa. Sempre fiz isso. Hoje encontrei prendas de ex-namorados, esquecidas em uma caixa. Um deles me presenteou, certa feita, uma vela cor-de-rosa com aroma de pêssego. Não sei por que motivo guardei a vela. O pavio intacto. Como se mantendo o objeto, o amor se fosse guardar para uma noite especial. Para um escuro que merecesse.

Os dias passaram, as noites também. Não adiantou guardar. O namoro apagou-se.

(Ainda bem, diga-se de passagem)

xxx

Espero um dia parar de deixar a vida para amanhã.